
Através da imagem pública de alguém não vemos o seu verdadeiro eu, vemos seus melhores traços de personalidade controlados em um ambiente totalmente voltado para a idealização. As redes socias são um território muito fértil para a idealização de si mesmo e dos outros.
Criar uma “persona” no mundo do marketing quer dizer criar uma idealização do seu consumidor perfeito para compra, isso é o estudo do neuromarketing e da personalidade do consumidor.
A formação da personalidade verdadeira de um indivíduo é consequência da sua vivência, seu pensamento de uma forma individual e estando sujeito ao ambiente como elemento concretizador e modificador dessa personalidade. Porém, o fenômeno da internet fez surgir a uma velocidade fora do desenvolvimento normal um maior número de possibilidades de falsas personalidades em um indivíduo.
A sensação de onipotência que alguém expressa quando diz “a minha opinião”, “o meu Instagram“ é uma infantilização da personalidade fazendo com que não haja um amadurecimento do ser no sentido de lidar com suas limitações e frustrações. E a rede social possibilita o mecanismo de fuga da realidade e de resolução de conflitos chamado “bloqueio”.
As relações se tornam líquidas, fugazes, objetificadas e fúteis.
Sobreviver a idealização da sociedade dos dias de hoje requer esforço, pois somos o oposto do que é idealizado pelo universo de consumo. Quantos já se perguntaram ou se contaminaram por imagens produzidas por computador e sua perfeição querendo se tornar uma delas? Distúrbio de imagem é uma epidemia digital onde pessoas querem se tornar bonecos, ou as fotos digitais altamente retocadas na vida real.
Essas reflexões são para mostrar que o bonito é o imperfeito porque ele é real. Não seja consumidor, seja humano! Não existimos para consumir, mas para viver.
A vida real e verdadeira é incrível, as vezes cruel e difícil e cheia de desafios, se olhar no espelho todos os dias e estar consciente de nossas imperfeições é um ato de coragem.
O ser humano moderno perdeu o amor à realidade e vive entorpecido por medicamentos muitas vezes desnecessários para aplacar a dor da existência em um mundo artificial.